No passado dia 20 de Janeiro, a convite do Produtor, visitei a Herdade das Servas, em Estremoz. A visita compreendia conhecer a vinha do Azinhal (90 ha), a vinha da Judia (55 ha) e a vinha das Servas (55 ha), a Adega situada na Herdade das Servas e a prova do Herdade das Servas Touriga Nacional 2003, 2004, 2005 e 2006 harmonizada com pratos especialmente criados para esta ocasião pelo conceituado Chefe Augusto Gemelli.
A Touriga Nacional, casta na qual a Serrano Mira - Sociedade Vinícola SA, sob a chancela Herdade das Servas, decidiu apostar desde sempre, é trabalhada na vinha por Carlos Mira e na Adega pelos Enólogo Luís Mira e Tiago Garcia. O resultado tem sido a produção de vinhos de elevado potencial de envelhecimento e sentido gastronómico.
A visita em si começou com a nossa chegada à Herdade, e com a degustação de tapas alentejanas de queijo e enchidos da região , acompanhadas com o Monte das Servas Branco Colheita Seleccionada 2009. Um casamento perfeito. Um branco de aromas intensos a fruta tropical bem madura , com notas de mel dando uma sensação de doce. Na boca continua a sentir-se a fruta, com corpo, untuoso até, com muita complexidade e elegância. A temperatura andava na ideal.

Devido às condições meteorológicas não foi possível a visita às vinhas, pelo que passamos de imediato à Adega. Acompanhados pelos actuais administradores da Serrano Mira - Sociedade Vinícola SA, foi-nos dado a conhecer uma Adega moderna, equipada com a mais actual tecnologia de recepção, vinificação e envelhecimentos de vinhos, e que dão origem a tintos, brancos e rosés de elevada qualidade, quer para o mercado nacional quer para exportação, sob as marcas Herdade das Servas, Monte das Servas e Vinha das Servas. Por falar em exportação, este é um dos principais desafios que actualmente a Herdade das Servas tem em mãos. Os seus vinhos estão já presentes em países como a Alemanha, Angola, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, China, Suíça e outros. No decorrrer desta parte da visita, observámos ainda a linha de enchimento e de todas as questões colocadas recordo-me especialmente de uma que aqui faço especial referencia.
Foi perguntado se a Herdade das Servas não estaria a pensar em apostar também no emergente Bag-In-Box à qual se ouviu uma quase imediato a seguinte resposta do Luís Mira: " Enquanto puder evitar vou passar ao lado do Bag-In-Box. Nunca gostei da ideia de vinho "engarrafado" em sacos plásticos." Assino por baixo.O espaço na Herdade das Servas tem ainda lugar para uma sala de provas, um restaurante com capacidade para 80 pessoas e a indispensável loja da Herdade.
Seguimos então para o almoço apresentado previamente com particular detalhe pelo Chefe Augusto Gemelli e que permitiu perceber muito bem o porquê da escolha de cada ingrediente em face dos Herdade das Servas Touriga Nacional que iria ser dados a provar.
De entre os Touriga Nacional servidos a minha preferência recaiu, outra vez, no de 2003. Com muita fruta vermelha madura, floral, especiarias, alguma tosta e especialmente com muita frescura. Continuo a ser surpreendido, pela positiva, por este vinho que parece estar cada vez melhor sem perder a frescura e elegância com o passar dos anos. Como parceiro do "Carpaccio" de Espadarte marinado sobre creme de grão de bico ao cominho, portou-se com distinção. Tanto o vinho como a comida andaram lado a lado sem se anularem um ao outro.
O Touriga Nacional 2004 acompanhou também com notável perfeição o Polvo caramelizado e fumado em cama de "papa" de tomate e hortelã. Também muito frutado de aromas, com especiarias e a notar-se um pouco mais a madeira. Na boca apresentada bom corpo, volume e ainda muita garra. Grande envelhecimento.
Destaco ainda a prova, não esperada, do Herdade das Servas Touriga Nacional 2008. Ou muito me engano ou temos aqui mais um diamante. Ainda não está para breve a sua comercialização pois ainda necessita de repouso, mas demonstra já qualidades premonitórias de mais um vinho de qualidade acima da média e com capacidade para se tornar em mais um clássico desta casa. Bom trabalho a toda a equipa.
Quanto à ementa destaco o "Ravioli" de massa de espinafres recheado com farinheira de presunto e azeitona e o "Carpaccio" de espadarte marinado sobre creme de grão de bico ao cominho. Adorei. Nota especial para o "Bolinho" de maçã com caril. O sabor oriental transmitido pelo caril funciona de forma interessante na relação com a maçã. Tenho de experimentar umas coisinhas.
Por último, um agradecimento especial a toda a Herdade das Servas, mas em especial à Luís Mira, ao Carlos Mira, ao Tiago Garcia, ao Artur Diogo e à Joana Pratas, ao Chefe Augusto Gemelli pela excelente harmonização e pela sua forma de estar sempre disponível, e a todos os restantes convidados que de uma forma ou de outra, pela interacção que se estabeleceu no grupo, foram também chave para o sucesso deste evento.

Eu não pude ir, por motivos profissionais. Que pena...! :(
ResponderEliminarMas parece ter valido realmente a pena...!
Cumprimentos,
Sérgio Lopes
http://enofiloprincipiante.blogspot.com/
Caro Amigo Sérgio,
ResponderEliminarSe valeu a pena? Esta casa já me de facto já não surpreende. Qualidade no Vinhos e Qualidade na Casa e em quem gere os seus destinos. Sem dúvida ainda se continuará a ouvir falar da Herdade das Servas quando se ouvir falar de Bom Vinho